O desenvolvimento sustentável é hoje um objetivo global, envolvendo organizações não goÂverÂnaÂmenÂtais, empresas privadas, governos e a soÂcieÂdaÂde em geral. ConsÂtruir processos susÂtenÂtáÂveis implica em reaÂliÂzar, sistematicamente, ações que visam não só a preservar os ecossistemas e a bioÂdiÂverÂsiÂdaÂde, mas também a melhorar as condições soÂcioeÂcoÂnôÂmiÂcas das comunidades nas Âquais a organização está inserida.
Um grande número de ferramentas, inÂcluinÂdo diversas certificações, está disponÃvel para o gestor que deseja produzir de forma sustentável. No entanto, a sustentabilidade Âapoia-se sempre em três pilares: o econômico, o soÂcial e o amÂbienÂtal.
As certificações ambientais
Sistemas de certificação, com sua abrangência ou limitação, podem prover uma estrutura opeÂraÂcioÂnal para verificar se os produtos são manufaturados, processados e disÂtriÂbuÃÂdos de maÂneiÂra sustentável. Uma certificação adequada pode Âcriar diversas vantagens para a empresa, como:
Participação em mercados mais seletivos
Melhoria contÃnua de desempenho
Melhoria da relação da organização com seus fornecedores.
Principais certificações
FSC – Forest Stewardship CounÂcil (Conselho de Manejo Florestal), criaÂdo em 1993. Através dele foi criaÂda uma certificação, ou selo, que estabelece requisitos de sustentabilidade para os produtos floÂresÂtais a partir de 10 prinÂcÃÂpios e 57 criÂtéÂrios. Inclui a avaÂliaÂção das plantações e de rasÂtreaÂbiÂliÂdaÂde da caÂdeia de fornecimento de produtos floÂresÂtais.
ISO 14001 – CriaÂda em 1993, a norma da InÂterÂnaÂtioÂnal OrÂgaÂniÂzaÂtion for StanÂdarÂdiÂzaÂtion estabelece requisitos de um sistema de gestão amÂbienÂtal com foco na melhoria contÃnua e prevenção da poÂluiÂção.
OHSAS 18001 – CriaÂda por um grupo de certificadoras inÂterÂnaÂcioÂnais, a norma estabelece requisitos para controle da saúÂde ocuÂpaÂcioÂnal e segurança dos colaboradores com foco na prevenção e melhoria contÃnua.
SA 8000 – CriaÂda em 1997, a norma é baÂseaÂda na Declaração Universal dos DiÂreiÂtos Humanos e nas Convenções da Organização InÂterÂnaÂcioÂnal do Trabalho. Estabelece requisitos para atendimento de criÂtéÂrios, como não utilização de mão de obra infantil e forçada, discriminação, práticas disciplinares e remuneração, hoÂráÂrios de trabalho, diÂreiÂto à asÂsoÂciaÂção, livre neÂgoÂciaÂção e saúÂde e segurança.
ISO 26000 – ConÂcluÃÂda em 2010 pela InÂterÂnaÂtioÂnal OrÂgaÂniÂzaÂtion for StanÂdarÂdiÂzaÂtion, apresenta diretrizes de responsabilidade soÂcial (sem ter caráter de sistema de gestão) e orienÂta organizações de diferentes portes e naturezas (pequenas, méÂdias e grandes empresas, governos e organizações da soÂcieÂdaÂde civil, entre ouÂtras) a incorporá-​Âlas em sua gestão, e não somente à s empresas. A ISO 26000 utiliza a termologia responsabilidade social (RS), e não responsabilidade soÂcial emÂpreÂsaÂrial (RSE).
GLOBAL G.A.P. – CriaÂda pelos varejistas euÂroÂpeus para controle de sua caÂdeia de fornecimento de produtos priÂmáÂrios, como café, frutas, flores, carnes, está baÂseaÂda no atendimento de criÂtéÂrios amÂbienÂtais, soÂciais e de saúÂde e segurança. Os objetivos dos programas de certificação não são Âcriar barÂreiÂras não taÂriÂfáÂrias para o processo de inÂterÂnaÂcioÂnaÂliÂzaÂção, mas sim mostrar à s comunidades compradoras que as empresas estabeleceram e cumprem regras mÃnimas de conduta.
Meio ambiente
A crescente preoÂcuÂpaÂção com o meio amÂbienÂte tem levado empresas no mundo todo, inclusive no Brasil, a buscar alternativas de produção mais limpa e maÂtéÂrias-​Âprimas menos tóxicas, a fim de reduzir o impacto de seus processos. Segmentos da soÂcieÂdaÂde, consÂcienÂtiÂzaÂdos quanto aos problemas amÂbienÂtais, têm induzido essas empresas a buscar uma relação mais sustentável com o meio amÂbienÂte. AceiÂta-se cada vez menos a exacerbação do lucro obtido à custa do comprometimento do meio amÂbienÂte. DianÂte disso, a indústria tem sido forçada a investir em modificações de processo, aperÂfeiÂçoaÂmenÂto de mão de obra, subsÂtiÂtuiÂção de insumos, redução de reÂsÃÂduos e raÂcioÂnaÂliÂzaÂção de consumo de recursos naÂtuÂrais.
Responsabilidade social
Ela nasce de um contexto inÂterÂnaÂcioÂnal em que temas como diÂreiÂtos humanos, diÂreiÂtos do trabalhador, meio amÂbienÂte e desenvolvimento sustentável ganham vulto na discussão entre os paÃÂses-​Âmembros das Nações Unidas, resultando em diretrizes que, de certa forma, orienÂtam a formulação conÂceiÂtual da Responsabilidade SoÂcial EmÂpreÂsaÂrial – RSE.
Esse tema, bem como o da preservação amÂbienÂtal, consagrou-se como preoÂcuÂpaÂção das Nações Unidas a partir da Conferência Rio’92. Desde aquela época, intensificou-se a discussão inÂterÂnaÂcioÂnal e auÂmenÂtou o número de convenções sobre o meio amÂbienÂte, que se somaram a ouÂtros acordos já existentes. A partir disso, a ONU Âcriou uma série de diretrizes sobre as questões de responsabilidade soÂcial, dando aos governos poderes para que estes possam exigir das organizações o resÂpeiÂto pelos diÂreiÂtos humanos, pela soberania e pelo desenvolvimento econômico local.
Economia
Segundo o conÂceiÂto mais amplo de sustentabilidade, não basta a uma empresa simplesmente buscar o lucro. Resultados devem inÂcluir ganhos amÂbienÂtais e soÂciais. Isso leva as empresas a considerar, como parte integrante de um plano de neÂgóÂcios, a inclusão de metas emÂpreÂsaÂriais comÂpaÂtÃÂveis com o desenvolvimento sustentável dela mesma e da soÂcieÂdaÂde. Ao mesmo tempo em que representa um desafio, a busca pela sustentabilidade pode representar novas oportunidades de neÂgóÂcios. A tendência de os consumidores preferirem produtos e serviços susÂtenÂtáÂveis é o exemplo mais evidente de vantagens competitivas que podem advir de práticas susÂtenÂtáÂveis como estratégia de neÂgóÂcios.
Já há alguns anos se verifica, também, uma tendência munÂdial dos investidores preferirem empresas susÂtenÂtáÂveis como destino de seus recursos. Nos Estados Unidos foi lançado, em 1999, o Ãndice Dow Jones de Sustentabilidade (Dow Jones SusÂtaiÂnaÂbiÂlity Index – DJSI), que acompanha o desempenho fiÂnanÂceiÂro de empresas lÃderes no campo do desenvolvimento sustentável.
A Bolsa de Valores de São PauÂlo (Bovespa) Âcriou, em 2005, um Ãndice semelhante ao DJSI, através do qual os investidores podem encontrar empresas soÂcialÂmenÂte resÂponÂsáÂveis, susÂtenÂtáÂveis e renÂtáÂveis para aplicar seus recursos. Tais aplicações, denominadas Investimentos SoÂcialÂmenÂte ResÂponÂsáÂveis (SRI), consideram que empresas susÂtenÂtáÂveis geram valor para o acioÂnisÂta no longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, soÂciais e amÂbienÂtais. Essa demanda veio se fortalecendo ao longo do tempo e hoje é amplamente atendida por váÂrios instrumentos fiÂnanÂceiÂros no mercado inÂterÂnaÂcioÂnal.
Iniciativas de sustentabilidade no setor gráfico
O setor gráfico braÂsiÂleiÂro, que completou 200 anos de existência em 2008, abrange um universo de pelo menos 19 mil empresas, resÂponÂsáÂveis por cerca de 220 mil empregos diretos e faturamento girando em torno de R$ 23 biÂlhões. No Estado de São PauÂlo existem 6.172 gráficas, que empregam cerca de 90 mil pesÂsoas e faturam R$ 15 biÂlhões.
Apesar de diversas iniÂciaÂtiÂvas de empresas e insÂtiÂtuiÂções no sentido de implementar métodos de produção mais limpa e de destinar corretamente seus reÂsÃÂduos, a indústria gráfica braÂsiÂleiÂra, de um modo geral, ainÂda está pouco consÂcienÂte da sua importância e sua responsabilidade com as ações susÂtenÂtáÂveis. Essa tomada de consÂciênÂcia e de atitude é dificultada pelo fato de a grande maioÂria das gráficas ser composta por micro e pequenas empresas, com gestão pouÂco proÂfisÂsioÂnaÂliÂzaÂda.